AIDS – HIV
Aids pode provocar colapso econômico, diz Banco Mundial
A epidemia de Aids poderá provocar o colapso das economias dos países mais afetados pela doença se não forem adotadas amplas medidas para combatê-la, segundo um estudo do Banco Mundial divulgado nesta quarta-feira.
De acordo com esse relatório, os danos econômicos provocados pela epidemia de Aids serão sentidos ainda por muito tempo depois de começar o declínio da própria doença.
A situação é mais grave na África, onde a incidência da doença é elevada, mas o estudo alerta os países onde a incidência da Aids ainda é baixa – América Latina, maior parte da Ásia, leste da Europa e oriente próximo – para que tomem medidas imediatas.
O relatório diz que a contenção da doença imediatamente é de importância fundamental, pois tanto para o sistema econômico quanto para as pessoas, "uma grama de prevenção vale muito mais do que um quilo de cura".
Renda per capita
"No sul da África, onde as taxas de incidência da doença em pessoas com idade entre 15 e 49 anos superam 20%, o pior (em termos econômicos) ainda está por vir", diz o Banco Mundial.
O estudo fez um levantamento sobre a África do Sul e comparou o desempenho da economia nos anos 1960 com o que aconteceu a partir dos anos 1990, quando a epidemia de Aids começou a aumentar no país.
A taxa de incidência da doença no país era de 1% da população na faixa etária entre 15 e 49 anos, em 1990, e uma década depois, essa taxa chegou a mais de 20%.
Nos anos 1960, para uma família com os dois pais economicamente ativos e os filhos na escola, a renda per capita média projetada chegaria a US$ 17.915.
Agora, porém, se o colapso do sistema for total por causa da Aids, a renda per capita poderia cair para US$ 6.840, segundo o estudo.
'Colapso progressivo'
"Na ausência da epidemia, haveria perspectiva de crescimento modesto, mas crescente, da renda per capita", diz o texto.
"Da maneira como as coisas estão agora, a economia pode estar à beira de um colapso progressivo (…) Com as intervenções corretas, esse destino pode ser evitado, embora os custos sejam elevados", acrescenta o estudo.
Mas o próprio Banco Mundial observa que os resultados do estudo são preliminares.
Capital Humano
Segundo o estudo, os principais impactos da Aids sobre a economia se dão na acumulação do capital humano, que gera crescimento a longo prazo.
Isso acontece porque a doença destrói o capital humano existente de forma seletiva, pois atinge jovens, reduz sua produtividade e provoca a sua morte quando eles estão no apogeu.
A doença também enfraquece ou destrói os mecanismos que geram formação de capital humano, especialmente a transmissão de conhecimento de pais para filhos.
Além disso, se os filhos de vítimas de Aids se tornam adultos com baixa educação e conhecimento limitado, eles se tornarão menos capazes de educar os próprios filhos, criando-se um círculo vicioso
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/07/030723_aidsmla.shtml